terça-feira, 15 de março de 2011

Todos nós podemos realizar sonhos

Meu sonho começou a realizar em junho de 2008, quando decidi que ficaria um mês na Europa. A primeira coisa que pensei foi nas crianças e no meu marido. Será que eles iriam sobreviver sem mim? E eu? Como ficaria sem eles. Mas o desejo de realizar o sonho falou mais alto. Precisava fazer isso e, sozinha. A viagem aconteceu nas minhas férias em fevereiro de 2009. Foi um passeio com fortes emoções , pois pude confirmar que a mulher é capaz de tudo e mostrei a mim mesma que os sonhos se realizam.

Chorei na decolagem, chorei chegando em Madrid e, várias outras vezes de alegria, satisfação, orgulho e saudades de casa.

Em Madrid, optei por ficar em casa de família, pois só assim conheceria a cultura do país. O bairro era distante da ‘’escuela’’ onde estudaria o idioma e longe do centro da cidade. 25 minutos de casa até a escola.

Todos os dias pegava metro e caminhava. A Sra. Paz, dona da casa onde me hospedei, me acordava todos os dias às 8 da manha. Ela não deixava passar um minuto a mais. Dividia o quarto com Chimmi. Nascida no Tibet, criada na Índia e que hoje vive na Suíça. Fala 3 idiomas. No outro quarto, estava Rita, 37 anos, italiana, que precisava aprender o espanhol, pois queria trabalhar como camareira e viver em Madrid. Além da língua, elas buscavam um grande amor.

Estudávamos na mesma escola. Eu no período integral e as duas à tarde.

Sra. Paz preparava o desayuno, café com leche, unas tostadas com manteca .... e saia. Almoçava fora e jantava em casa. Comida leve e simples. Dormia cedo, por volta das 10 da noite, seis da tarde no Brasil.

A aula iniciava às 9h30. Eram seis horas de aula por dia. Nos quatro primeiros dias, chegava atrasada. Sempre me perdia no metro. Na escola, convivi com Chineses, Alemães, Franceses, Búlgaros, Italianos A grande maioria tinha entre 17 e 28 anos. Nos primeiros dias me senti um peixe fora d’água, no meio de tanta gente nova. Mas isso, foi só no início. Todos até os professores admiraram minha coragem de deixar a família para estudar e conhecer outra cultura. Durante as aulas, sempre trocávamos informações sobre a cultura de cada país. O Brasil é um país que desperta muita curiosidade em todos. Muitas são as perguntas, até dos professores em relação ao nosso modo de vida. Fiquei feliz em saber que a opinião do lado de lá a respeito do nosso país é positiva. O nosso presidente tem prestígio. Ele é o cara não é!! Após a aula, pegava novamente o metro e buscava lugares desconhecidos: Museo Del Prado, Puerta del Sol, Plaza Mayor, Plaza de España e tantos outros para conhecer. Em todos esses lugares dividia a emoção ligando para o meu marido. Contava tudo o que estava vendo. Queria compartilhar meus sentimentos com ele. Por conta disso a conta do celular veio altíssima. Nas duas primeiras semanas, uma sensação de liberdade tomou conta de mim. Eu dependia de mim. Era como no passado... não tinha que dar satisfação a ninguém. Na Europa era dona do meu nariz. Não tinha que executar tarefas ou ‘’obrigações’’ rotineiras como mãe e mulher. O fato de não ter responsabilidade com a minha casa e a minha família estava me fazendo bem. E em nenhum momento me senti arrependida com isso. Precisava sentir isso, sentir que estava viva, que era capaz de desenvolver coisas novas. Sentir o coração bater mais alto, como se fosse explodir de emoção. Ver que ainda sou capaz .

Na Espanha fui até Toledo, terra de D. Quixote. Lugar pitoresco e mágico. Foi lá que tomei sangria e, por incrível que parece precisei comer comida chinesa.

No período em que estive na Espanha, tudo estava em promoção. Gastei com moderação. Com exceção dos grandes magazines, as pequenas tiendas, ou lojas fecham depois do almoço e só abrem às 5 da tarde. As vezes, almoçava em uma universidade. Apenas 6 euros e comia-se muito bem. Para a maioria dos espanhóis, a qualidade de vida está em primeiro lugar.

Quando viajei, a maior preocupação era com os meus filhos que ficaram com o meu marido e as avós. Todos se deram muito bem na minha ausência. Para o meu marido, que sempre foi um pai exemplar, foi uma nova experiência conviver com as crianças dia e noite. Assumir responsabilidades que eram minhas, o fez bem. Aguardava o final do dia para conversar com eles. Era o melhor momento. Ele me contava as novidades das crianças e eu contava o que fazia. Pedro, o mais velho, entendeu bem, foi só no final que a saudade bateu mais forte. A caçula sempre perguntava se eu não voltaria para a ‘’casa dela’’.

Na quarta semana fui de trem a Paris. Foram doze horas de viagem. O primeiro lugar que quis conhecer foi a Tour Eiffel. Meu encontro com a torre foi depois de uma longa caminhada. Quando a vi pela primeira vez... . Chorei muito. Parecia que estava sonhando. Primeiro porque cheguei até a torre sozinha e depois que ela é linda demais.

12 Euros para ir até o topo da torre. Lá podemos tomar café e comprar regalos.

É claro que lá do alto, liguei para o meu marido. Em Paris chegava a andar de 7 a 10 horas por dia. Entrei em várias igrejas, agradecendo e pedindo proteção a todos. Paguei 5 Euros por um suco de laranja.

A beira do Rio Senna fiz planos para o meu retorno. No Louvre lembrei dos amigos e de como era feliz. Na sofisticada Galeria Lafayete vi o glamour de perto como nos sonhos. Me deliciei na Champs elises e nas ruas pequenas de Paris. O melhor de tudo foi a volta. Os 3 estavam me esperando no aeroporto. Pedro, quando me viu, chorou, me abraçou com força e disse: ‘’ Você nunca faça mais isso, mamãe’’. A pequena ficou agarrada a minha perna. E por último estava o meu marido. Com um brilho forte e um olhar de orgulho me abraçou e disse: ‘’ Eu te amo.Seja bem vinda’’ Ao meu filho eu digo que fiz isso por mim e por eles. Quero que no futuro eles tenham orgulho de mim e que nunca deixem de realizar um sonho.

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