terça-feira, 15 de março de 2011

A morte pede carona

É normal pensarmos na morte?


Descobri que estava com depressão depois de ter ligado para todos os meus irmãos querendo saber se estavam bem e depois de acreditar que iria perder meus filhos.

Hoje, este sentimento forte não me pertence , mas vira e mexe o anjo da morte me ronda. é uma coisa tão esquisita que precisei me acostumar. Se deixo meu filho ir à padaria só, acho que vou perde-lo, se pego a estrada sou cautelosa, pois acredito que algo ruim possa acontecer, e por aí vai....



Meu avó está na UTI . Viajei 525 km para ve-lo. É difícil ver uma pessoa tão amada em uma cama. O pior de tudo foi vê-lo tão consciente. Perguntei se ele estava bem, ele respondeu que não com a cabeça. O cabelo estava embaralhado, tubo por todos os lados, tentava falar mas não conseguia, as pernas finas e muito magro.


Segurei as lágrimas. Fiz massagem nos pés e na mão inchada. Arrumei o cabelo e dei carinho. Não tive coragem de ir embora. Ä UTI é um lugar de muita dor. A morte assombra os leitos. Ao lado do meu avó, havia uma senhora, parecia ter idade do Seo Dito, muito frágil. No semblante das duas pessoas presentes ali, muita dor. Se sair viva é um milagre.


Qual seria a história de cada um. Saber se aproveitaram a vida, se foram felizes, se amaram e se foram amados. Se tiveram tempo de realizar os sonhos, de pedir desculpas, de agradecer, de mandar alguem para puta que pariu.

Minha bisa morreu de câncer meses atrás. Sofreu muito, sofreu demais. No auge da dor clamava pela mãe. Não tínhamos mais o que fazer, era esperar pela morte.

No momento em que dona Maria parou de lutar pela vida, ela se foi. Foi muito triste.


Não acompanhei o sofrimento do meu pai. Morreu de câncer. Foi minha tia Eva que mora em Curitiba que ouvia uivos da dor dele. Qdo meu pai morreu estava com 54 ou 55 anos. Ele se foi há dez anos. Ainda choro por ele. Nào aceito sua morte, tínhamos muita coisa para resolver.

Minha tia querida morreu este ano. Mulher forte, linda, batalhadora e que ajudou minha mãe. Morreu cedo e sem explicações



Avozinho quero dizer que é muito bom conviver com vc. Tenho ótimas lembranças.

Uma delas é do Fiat 147 andando pelas ruas movimentadas de Santo André, a casa na praia, os passeios maravilhosos.



De tanto pensar no anjo negro, perdi o medo. Não quero morrer, mas com medo de que apareça um desvio no meu caminho, vivo o presente. Não sei como será o meu futuro. O presente me basta, me completa. Meu avô continua vivo e forte. Caso ele morra, sentirei sua falta mas aprovetei a presença dele.

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